O euro caiu nos mercados europeus na quarta-feira em relação a uma cesta de moedas globais, recuando de uma máxima de duas semanas em relação ao dólar americano. A moeda caminha para sua primeira perda em quatro sessões, impulsionada pela realização de lucros e pela recuperação do dólar americano após um importante acordo comercial entre os EUA e o Japão.
Ainda hoje, os mercados aguardam o início da aguardada reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), com expectativas de taxa de juros inalterada. Os investidores aguardam indicações sobre se o BCE poderá retomar seu ciclo de flexibilização ainda este ano.
O preço
O par EUR/USD caiu 0,2% para US$ 1,1731, abaixo do preço de abertura de US$ 1,1754, após atingir a máxima da sessão de US$ 1,1756.
Na terça-feira, o euro subiu 0,55% em relação ao dólar, marcando seu terceiro ganho diário consecutivo e atingindo um pico de duas semanas em US$ 1,1761, com a probabilidade crescente de um corte nas taxas dos EUA em setembro.
Dólar americano
O Índice do Dólar Americano subiu 0,15% na quarta-feira, buscando se recuperar da mínima de duas semanas de 97,31 pontos. Ele está a caminho de registrar seu primeiro ganho em quatro sessões, refletindo uma recuperação modesta do dólar em relação às principais moedas.
Além das compras técnicas em níveis mais baixos, a recuperação do dólar foi apoiada por um acordo comercial significativo entre os EUA e o Japão, que aliviou as preocupações sobre uma possível recessão na maior economia do mundo.
Na terça-feira, o presidente Donald Trump anunciou um acordo comercial "massivo" com o Japão, incluindo tarifas recíprocas de 15% sobre as exportações japonesas para os EUA e uma redução nas tarifas sobre veículos japoneses de 25% para 15%.
Banco Central Europeu
O BCE se reúne hoje e amanhã para avaliar sua postura de política monetária em meio aos recentes desenvolvimentos econômicos na zona do euro.
Espera-se que o banco mantenha sua taxa básica de juros inalterada em 2,15%, o menor nível desde outubro de 2022.
Os mercados estão observando atentamente os sinais de mais flexibilização e possíveis cortes nas taxas ainda neste ano.
Perspectivas para as taxas da zona do euro
De acordo com fontes da Reuters, uma clara maioria na última reunião do BCE foi a favor de manter as taxas inalteradas em julho, com alguns membros pedindo uma pausa mais longa.
Atualmente, os mercados monetários estimam uma chance de 30% de um corte de 25 pontos-base na taxa de juros do BCE em julho.
O iene japonês caiu nos mercados asiáticos na quarta-feira em relação a uma cesta de moedas principais e secundárias, recuando da máxima de duas semanas em relação ao dólar americano registrada no início da sessão. Isso marcou a primeira queda em três dias, em meio a uma forte realização de lucros e movimentos corretivos.
O declínio ocorreu após o anúncio de um importante acordo comercial entre Tóquio e Washington, que inclui reduções de tarifas dos EUA sobre importações japonesas e um compromisso do Japão de investir aproximadamente US$ 550 bilhões nos Estados Unidos.
O preço
O par USD/JPY subiu 0,4%, para ¥ 147,20, acima da taxa de abertura de ¥ 146,59, após atingir a mínima da sessão de ¥ 146,19 — o nível mais fraco desde 11 de julho.
Na terça-feira, o iene subiu 0,55% em relação ao dólar, registrando seu segundo ganho diário consecutivo em meio à queda nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA de 10 anos.
Grande acordo comercial
O presidente Donald Trump anunciou na terça-feira a assinatura de um acordo comercial "massivo" com o Japão, incluindo tarifas recíprocas de 15% sobre as exportações japonesas para os EUA e uma redução das tarifas sobre carros japoneses para 15%, ante os atuais 25%.
Em uma publicação no Truth Social, Trump descreveu o acordo como "talvez o maior de todos os tempos", observando que o Japão injetará US$ 550 bilhões em investimentos nos Estados Unidos, com os Estados Unidos devendo ficar com 90% dos lucros.
Trump acrescentou que o acordo abrirá os mercados japoneses aos produtos americanos, incluindo carros, caminhões, arroz e outros produtos agrícolas, alegando que criará “centenas de milhares de empregos”.
O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, declarou que as tarifas dos EUA sobre veículos japoneses seriam reduzidas de 25% para 15% — um passo significativo, visto que o setor automotivo constitui a espinha dorsal das exportações japonesas para os EUA, respondendo por 28,3% do total de remessas em 2024, de acordo com dados alfandegários.
As exportações de automóveis do Japão (incluindo carros, ônibus e caminhões) para os EUA caíram 26,7% em junho, após um declínio de 24,7% em maio.
As exportações japonesas totais para os EUA — seu segundo maior parceiro comercial — somaram ¥ 10,3 trilhões (US$ 70,34 bilhões) entre janeiro e junho, uma queda de 0,8% em relação ao ano anterior.
O futuro político de Ishiba
O anúncio de terça-feira ocorre poucos dias após a coalizão governista do primeiro-ministro Ishiba perder a maioria nas eleições para a Câmara Alta do Japão, levantando preocupações sobre o enfraquecimento da influência nas negociações com os EUA.
De acordo com o HSBC, um acordo comercial favorável com os EUA poderia ajudar Ishiba a evitar um voto de desconfiança ou desafios internos do Partido Liberal Democrata.
Embora Ishiba tenha declarado sua intenção de permanecer como primeiro-ministro após a derrota eleitoral, o meio de comunicação japonês Yomiuri informou na quarta-feira que ele decidiria se permaneceria no cargo com base no progresso das negociações tarifárias.
Taxas de juros japonesas
Os dados da semana passada mostraram que a inflação básica no Japão desacelerou mais do que o esperado em junho, sugerindo um enfraquecimento das pressões de preços sobre o Banco do Japão.
Após a divulgação, as expectativas do mercado para um aumento de 25 pontos-base na taxa de juros na reunião de julho do BoJ caíram de 45% para 35%.
Os investidores agora aguardam mais dados sobre inflação, desemprego e salários para reavaliar essas probabilidades.
Grandes produtores de energia, como a Shell, retiraram-se de uma importante iniciativa que visava estabelecer um padrão global para emissões "líquidas zero", depois que uma proposta preliminar efetivamente pedia a proibição do desenvolvimento de novos projetos de petróleo e gás, de acordo com documentos analisados pelo Financial Times.
Entre as empresas que estão saindo estão a Shell, a BP, a norueguesa Aker BP e a canadense Enbridge, todas elas saídas de um grupo consultivo de especialistas criado pela iniciativa Science Based Targets (SBTi). A SBTi é um órgão de padrões climáticos amplamente referenciado, cuja certificação é buscada por corporações globais como Apple e AstraZeneca.
Essa onda de retiradas destaca as tensões crescentes entre a indústria de combustíveis fósseis e as estruturas de responsabilização climática em evolução.
Disputa sobre novos projetos de petróleo e gás
O controverso rascunho previa a proibição de qualquer novo desenvolvimento de projetos de petróleo e gás por empresas que apresentassem planos climáticos à SBTi — imediatamente ou até 2027, o que ocorrer primeiro. Também previa uma queda acentuada na produção de combustíveis fósseis, gerando preocupações em todo o setor energético de que os padrões propostos poderiam impor um caminho impraticável para as metas de zero emissões líquidas.
A Shell, que participava intermitentemente dos processos do SBTi desde 2019, declarou que desistiu após determinar que o rascunho “não reflete a perspectiva da indústria de forma significativa”.
No entanto, a Shell reiterou seu compromisso de atingir emissões líquidas zero até 2050, mas enfatizou que qualquer padrão confiável deve oferecer “flexibilidade suficiente” e refletir um “caminho realista” para a sociedade.
A Aker BP citou a capacidade limitada de influenciar o padrão em desenvolvimento como o motivo de sua retirada, insistindo que isso "não tinha qualquer influência" em suas ambições climáticas. A Enbridge não quis comentar, segundo o Financial Times.
SBTi suspende obras de norma para petróleo e gás
Após essas saídas de alto perfil, a SBTi anunciou que havia “pausado temporariamente” o trabalho em seu padrão de petróleo e gás, citando “considerações de capacidade interna”.
No entanto, o grupo negou que a decisão tenha sido influenciada pela pressão da indústria, dizendo ao Financial Times que não havia “nenhuma base” para tais alegações.
Enquanto isso, surgiram relatos de que a SBTi também atrasou e suavizou as diretrizes planejadas para instituições financeiras sobre financiamento de combustíveis fósseis.
De acordo com fontes bem informadas, o prazo para restringir o financiamento ou seguro para empresas que desenvolvem novos projetos de petróleo e gás foi adiado de 2025 para 2030, depois que David Kennedy, ex-sócio da EY, se tornou diretor executivo da SBTi em março.
A crescente divisão entre a indústria e os padrões climáticos
Esses desenvolvimentos ressaltam um abismo cada vez maior entre as metas climáticas e as realidades da indústria. Embora a queima de combustíveis fósseis continue sendo a principal causa do aquecimento global — e os cientistas enfatizem a necessidade de limitar o aumento da temperatura a 1,5°C para evitar uma catástrofe irreversível —, a indústria de petróleo e gás continua cautelosa em relação aos padrões climáticos que efetivamente exigem a interrupção da exploração e produção, citando preocupações com a segurança energética, os interesses dos investidores e a capacidade global de atender à demanda durante a transição energética.
Uma fonte envolvida na elaboração dos padrões do setor de petróleo, gás e financeiro disse: “Quanto mais demorarmos, mais cobertura daremos às grandes petrolíferas”.
Apesar dessas disputas, a Shell e outras empresas continuam se comprometendo publicamente a atingir emissões líquidas zero até 2050. No entanto, as estruturas e os padrões que deveriam definir claramente o que "líquido zero" realmente significa continuam envoltos em controvérsia.
A maioria dos índices de ações dos EUA caiu na terça-feira (exceto o Dow Jones), enquanto os investidores aguardavam mais resultados trimestrais e monitoravam os desenvolvimentos nas negociações comerciais entre os Estados Unidos e seus parceiros, antes das tarifas recíprocas que entrariam em vigor no início de agosto.
O secretário do Comércio, Howard Lutnick, confirmou que 1º de agosto é um prazo final para o início da implementação de tarifas, embora tenha notado que o diálogo com os países ainda pode continuar além dessa data.
Os investidores estão acompanhando de perto os resultados do segundo trimestre. Até o momento, 88 empresas do S&P 500 divulgaram seus resultados, com 82% delas superando as expectativas dos analistas, segundo dados da FactSet.
Ainda esta semana, várias grandes empresas de tecnologia dos EUA devem divulgar seus resultados, com a Alphabet e a Tesla programadas para anunciá-los na quarta-feira.
Às 16h22 GMT, o índice Dow Jones Industrial Average subia 0,1% (42 pontos), para 44.365 pontos. O S&P 500, mais amplo, caía 0,1% (8 pontos), para 6.297 pontos, enquanto o Nasdaq Composite recuava 0,5% (102 pontos), para 20.872 pontos.